terça-feira, 11 de março de 2014

Sindrome do desamor








As lembranças que tenho da primeira fase da minha infância estão ligadas a cores, sabores, sons, aromas que eu busco até hoje: a goiaba vermelhinha, o pé de jabuticaba, comprar maria-mole de chocolate na padaria, chupar picolé de creme holandês, o cheiro das folhas de eucalipto depois da chuva. Eu podia brincar na rua com os meus primos, tomar banho de mangueira, me esconder no quintal, jogar amarelinha, pular elástico, ficar na praça até anoitecer…
Eu sei que para algumas crianças isso ainda é possível, para uma limitada minoria, mas a verdade é que essa classe de infância vai desaparecendo com o avanço da tecnologia, com a sensação de constante perigo, a violência que sinaliza em letras gigantes a desvalorização do ser humano.
Eu não sou contra a tecnologia, pelo contrário, faço bom uso dela ☺, como agora mesmo posso escrever esse texto para que você possa ler amanhã cedinho, em qualquer parte do mundo.
O que me assusta é o tipo de conexões que ela cria, e pensar no que virá a seguir. Você já entendeu que as redes sociais podem se tornar um armadilha para facilitar relacionamentos irreais, onde é mais fácil ser aceito e curtido por estranho do que conquistar amigos de verdade. Um mundo sem sacrifícios.
Para mim a ficha caiu no dia em que eu estava sozinha, a caminho do supermercado, e parei em um confeitaria. Quando eu me sentei para tomar meu café, e olhei ao redor, percebi o silêncio… Todos estavam com a cabeça baixa, com seus smart phones. Mesmo nas mesas onde várias pessoas estavam sentadas juntas, ninguém conversava, ninguém se olhava.
Depois desse dia a observar a mim mesma, as minhas atitudes, porque a síndrome do desamor pode atingir a quase todos.
Isso exige um esforço diário, como em todas as relações duradouras. Porque você pode até mandar um sms para seu filho dizendo que o ama, mas se você ainda pode faze-lo, fica muito mais humano se você diz isso ao acorda-lo com um beijinho pela manhã…
Afinal o amor se torna mais forte quando se entrelaça. Pense em uma trança: para ela se formar é necessário um contato direto entre as três partes, que decidem seguir unidas para se tornarem intermináveis.
Patricia Barboza  http://www.cristianecardoso.com 

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