quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Hitler's Children - o desenho que a Disney proibiu

O Desenho que a Disney proibiu - As Crianças de Hitler 

Cineasta judeu israelense entrevistou descendentes de hierarcas nazistas em campos de concentração, confrontando-os com o mal praticado por seus familiares. Depoimentos mostram as "crianças de Hitler" ora pressionadas entre a vergonha e a culpa, ora dispostas a refletir sobre a trágica experiência histórica.

O diretor de cinema israelense Chanoch Ze'evi ficou perturbado ao conhecer a secretária de Hitler. Ele sempre imaginou que os nazistas seriam monstros sem rosto. "De repente, ela tinha perguntas a fazer sobre mim. Ela queria saber sobre Israel, se eu tinha uma família", conta.

Quase como se tivesse esquecido quem era a interlocutora, Ze'evi se viu mostrando uma foto da filha bebê, para ter um novo abalo na sequência: "Ela foi a outra sala e voltou com fotos de Hitler. Foi chocante porque ela não conseguia esconder de mim, um judeu israelense, a admiração que sentia por ele".

Depois daquele encontro, Ze'evi sabia que queria conhecer o outro lado. Assim nascia o projeto de "Hitler's Children"

Em uma das imagens mais fortes do documentário, o alemão Rainer Hoess visita pela primeira vez um campo de concentração. A experiência, forte em qualquer contexto, supera as expectativas neste caso: Rainer é neto de Rudolf Hess, criador e comandante de Auschwitz. Acompanhado por um descendente de sobreviventes do campo, Hoess visita a casa onde sua família morou e compara o que vê às imagens de crianças brincando em um jardim em fotografias antigas. Minutos depois, é confrontado por jovens israelenses que o questionam: "Você se sente culpado?"

Essa questão permeia o filme de Ze'evi, que ouviu outros quatro descendentes de hierarcas nazistas -Hermann Göring, fundador da Gestapo, Heinrich Himmler, segundo homem do partido, abaixo apenas de Hitler, Hans Frank, comandante da Polônia durante a ocupação, e Amon Göth, comandante do campo de concentração Plaszów.

Os entrevistados falam sobre o peso de seus sobrenomes e sobre como se relacionam com a história da família. "Contar essa história é passar uma mensagem de esperança", afirma o diretor. "Eles não são responsáveis pelas atrocidades cometidas pelos antepassados. É uma fatalidade ser descendente de um monstro, um criminoso de guerra. Nós, a segunda e terceira geração dos dois lados, nazistas e judeus, temos que enfrentar a verdade e termos esperança."

Fonte : Folha

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